*por Artur Mamede
Lançado em julho, "America Latina em Chamas" marca o retorno da veterana Rota Suicida (Paulínia-SP). A obra é composta por 10 sons de um punk primitivo e bem executado, com letras contundentes e que mesmo beirando as três decadas de composição não perderam a relevância e estão atuais como nunca.
Ziando Rodrigues, fundador e vocalista da Rota Suicida, comenta sobre o momento impar para a banda. "'América Latina Em Chamas' tem músicas do primeiro álbum, com mais de 28 anos, tipo 'Tempestade no Deserto' e 'O Idiota é Você'. Elas continuam atuais devido à pobreza e às mazelas do povo só terem piorado."
O retorno
O retorno mesmo se deu em 2019, quando lançaram a demo "O Último Chamado" e um ano depois tudo parece se encaixar, explica Ziando. "A banda ganhou entrosamento e a situação atual foi um prato cheio para eu escrever e criar junto com o pessoal da banda . É impossível não se revoltar e não ser PUNK no Brasil."
Segundo ele, a quarentena forçou a banda a buscar novas formas de propagar o ideal punk, já que até então, shows estão suspensos. 'As plataformas digitais estão fazendo toda a diferença em meio a essa pandemia. Agora é possível acessar vídeos e matérias a respeito de todo tipo de som ou assunto. A informação circula mais rápido . Nós também tivemos que nos reinventar e aderir a tecnologia para poder passar a mensagem. Temos em mente a ideia universal do Punk que é FAÇA VOCÊ MESMO. COM QUE VC TIVER
FAÇA VC MESMO. ONDE VC ESTIVER."
Os dois lados da internet
Essa aproximação com o mundo virtual também trouxe inovações nas tretas, incorporadas na figura dos haters. Já tem algum tempo que um video da Rota Suicida é constantemente derrubado em uma plataforma de vídeos.
"No vídeo da música 'Autoritarismo' abordamos o fim do pensamento crítico diante do abuso de autoridade. Mostramos a polícia agredindo e promovendo a barbarie. O clipe é sempre denunciado pelo gado infiltrado nas redes sociais. É preciso constantemente estr excluindo pessoas que se passam por amigs para tumultuar", ressaltou Ziando.
O velho punk ainda assim não perde a esperança no bom uso da internet, enquanto não voltam as gigs. "Aqui espero que todos venham a somar para podermos juntos ser mais fortes contra o avanço da extrema direita na América Latina e no mundo. Denunciar através dessa ferramenta ( música) crimes ambientais e humanos. Fortalecer a ideia que cada um pode ser o que quiser sexualmente , politicamente... religiosidade é o que cada um quiser ser desde que não tire o direito do outros", finalizou.