*por Artur Mamede
A pandemia do corona parou o mundo. Já sabemos. Agora tente avaliar os impactos no setor cultural brasileiro (desprezado pelo Executivo nacional e seus secretários descartáveis) e na música underground. Imagine os efeitos disso tudo para uma banda de thrash/crossover formada no interior do Amazonas.
Originária de Tefé, cidade de aproximadamente 60 mil habitantes (IBGE, 2019) distante 522 km de Manaus, a Candiru exemplifica as dificuldades de se manter na atividade fazendo música pesada no Brasil. A banda completa seu primeiro ano de atividades em isolamento e teve mudanças na formação e casos de Covid-19 entre seus integrantes.
O Riffmakers falou com Felipe Hüffner, guitarrista fundador da Candiru sobre isolamento, plataformas de divulgação e planos.
Riffmakers: A banda completa um ano no Dia Mundial do Rock. O isolamento mudou os planos do aniversário. Como a Candiru vai passar a data?
Felipe Hüffner: Planejávamos comemorar esse primeiro ano tocando no Dia Mundial do Rock, aqui em Tefé. Esse ano o evento será no formato 'live', uma transmissão ao vivo da prefeitura daqui. Como estamos em recuperação do covid e também em preparação de novas músicas, optamos por, até por sermos independentes, uma transmissão exclusiva da banda. Mas isso fica para agosto.
Riffmakers: Quais as consequências do isolamento social na produção da Candiru, justamente numa época em que a banda agendava eventos na capital e entradas nos estúdios?
FH: O isolamento afetou bastante. Teríamos eventos pra realizar e tudo parou. Contraímos corona e a recuperação foi um tanto demorada, mas também teve seu lado bom, conseguimos produzir em home studio o single de "Curupira" e estaremos lançando ainda em Julho. Só estamos preparando artes e a forma de distribuição do som nas plataformas.
Riffmakers: O underground sempre precisou de si mesmo e de suas redes independentes de comunicação para sobreviver. Em tempos de pandemia e distanciamento social, no caso do Amazonas, distanciamento também geográfico, como a Candiru vê esse network? E o que pode ser aproveitado disso?
FH: Com certeza o network no meio underground tem ajudado bastante a manter as esperanças e a força pelo metal pulsantes, muitos parceiros, tanto pra divulgar nos zines como também distros e produtoras ajudando pra que seja produzido o Urbanoise Zine que é o material que venho produzindo desde agosto do ano passado e que falta muito pouco pra ser impresso. Uma grande conquista pra mim e pra cena Não só local mas nacional, contando com inúmeras bandas de diversos segmentos do underground, do HC ao metal extremo.
Riffmakers: Fale sobre a Candiru, a gênese da banda, composições e planos.
FH: Em um ano a banda mudou não só em sonoridade mas também na sua formação. No inicio era um quarteto formado por integrantes da banda Ventura e um baterista técnico aqui da cidade. Começamos com duas autorais: "Candiru Attack" e "Estouro de Queixada", as duas na pegada thrash crossover influenciado pelo thrash da Bay Area (EUA).
Após essa primeira apresentação em 13 de julho de 2019, a banda sofreu mudanças na formação onde só eu permaneci. Então fiz o convite pra entrada do Angelus Kalliel na bateria e o Marcão no baixo, assim solidificando e compondo novas músicas já numa pegada mais atmosférica com grooves e temas de morte e horror amazônico um som mais Candiru como gostamos de definir.
E o som permanece mudando. Com a saída do Marcão estamos em Dupla e cada vez mais agressivos nas letras, riffs e cadências.
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A Candiru pode ser encontrada nas reses sociais, facinho de achar. No link abaixo confira uma versão de "Curupira".
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