Em 2019 a Besta seguia indomada e em março daquele ano lançava o ótimo "Eterno Rancor". A amostra raivosa do death/grind/crust dos portugueses sofisticava, para os padrões da música extrema, elementos já impressos em "Ajoelha-te perante a Besta" e "John Carpenter", de 2012 e 2014, respectivamente.
Ainda havia aqui a urgência do grind primitivo, de músicas curtas e imparáveis, mas o death metal vinha se aproximando, o que faz desse um álbum rico em desespero, peso e velocidade. São 16 faixas (sendo a última "The Regulator", um cover do Bad Brains") enfiadas em pouco mais de 20 minutos. O que justifica o "ainda" no início do parágrafo, já que no sucessor "Terra em Desapego" (2023) algumas faixas ultrapassam os cinco minutos.
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Eterno Rancor
Saído pela Lifeforce Records, "Eterno Rancor" não tenta reinventar o aço. É grindcore como pede o estilo. Letras com conotações políticas (algumas muito caseiras, também, o que dificulta a contextualização para quem está longe da capital portuguesa), apelo a imagens brutais e muita raiva. E tá tudo bem.
Aqui está "Eterno Rancor". Acesse e ouça.
Musicalmente os riffs vão se empilhando e acrescentando gordura ao ataque raivoso de baixo e bateria, mas a produção nos deixa ouvir cada elemento de forma nítida. Os vocais vão do gutural ao berro rasgado dando variações interessantes e prevendo o que viria no álbum seguinte (recém-lançado no Brasil pela Black Hole Productions).
Tu é fã de Napalm Death, Wormrot ou Lock Up? Procure a discografia da Besta e divirta-se.
*por Artur Mamede
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