sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Sarcasmo e incorfomismo: The Solitaryman Monoband lança EP homônimo


*por Artur Mamede 

Dos inúmeros feitos do musico capixaba Cacá Côgo durante a pandemia, (produção e criação musical, séries de covers nas plataformas de video, bate-papos virtuais e a luta diária para promover esses atos), o mais expressivo, o The Solitaryman Monoband, lancou no dia 19 de setembro o EP que leva o nome do projeto .

São sete faixas de um punk rock sujo, rápido e áspero, ainda assim rico, músico e liricamente. Côgo encarna o espírito FVM (ou DYI), da produção a execução das músicas, cantando, tocando um violão distorcido e fazendo a cama percussiva usando os pés para acionar bumbo, caixa e chimbal. Nos 15 minutos de duração do trampo a  maquina não para e despeja nos ouvidos doses de sarcasmo, ironia, inconformismo e raiva. É mais uma tijolada na vidraça do reacionarismo, e claro, vinda do submundo independente, já que parece tudo tranquilo no rock corporativo. 

Solitário, mas não sozinho

Sobre a riqueza falada acima, muito se deve às collabs generosas e bem executadas de Alex Mesquita, o Japa, na captação de áudio e produção, e Marcos Tadeu, que assina mixagem e masterização.

Cacá, o solitaryman (foto: divulgação)

"Aré o último EP de 2020, ''Hipocrisia a gente vê po aqui'', eu gravava tudo sozinho. Da forma mais tosca possível. Pra esse novo EP, eu chamei meu amigo de longa data Alex Mesquita, que cuidou da captação do áudio e da mix. Minha ideia era fazer um trampo com uma qualidade de gravação melhor sem perder a tosqueira. Daí pra mix e master chamei meu outro brother Marcos Tadeu" comentou Côgo. 

A sonzeira tem também a participação luxuosa de Mário Mariones (baixo e voz do Garrafa Vazia) e Letícia Pires (A Creche) em  "Assassinos” e  “Onde Você Estiver Eu Não Quero Estar”, respectivamente, além de uma música de Cezar Marco, "Cai Fora".

"Foi um lance legal que rolou. Nesse meio underground a gente acaba fazendo muitos amigos. Mesmo de longe. Tive o prazer de ter no EP as participações de meus queridos Mario Mariones e Letícia Pires. Além das participações, eu fui agraciado com um música do meu brother Cezar Marco "Cai fora". Ele mandou a música pra eu ouvir, numa versão caseira de voz e violão e eu pirei! Logo já adaptei pro meu estilo e ficou ótima! Curto muito essa canção", conta o solitaryman.

Reciprocidade 

Mariones fala sobre a collab e rebate os elogios. "Fui convidado para gravar um hardcore e mesmo que nos últimos tempoa eu faça uma linha vocal mais brutal, foi uma experiência legal cantar com o Solitaryman. O Cacá me enviou o som e tive apoio do guitarrista do Garrafa, Vancil Cardoso, na gravação. E foi do caralho! Cacá é gente boa, regravou 'Autonomia'  do Garrafa, curto muito a pegada lo-fi e o amor que ele transmite pela música nesse tête-a-tète, essa coisa de Professor Pardal de montar o timbre, a produção, trocar ideias com as figurinhas do underground. Foi uma honra. E ficou fudido, né?"

Clipe de apresentação 

O destemido Solitaryman ainda a reboque do lançamento do EP, publicou o lyric video de "O Que Falta Acontecer?", que pode ser conferido clicando aqui

O EP está disponível em todas as plataformas digitais e logo terá sua versão física, a ser distribuída pelos selos Velho Rabugento (PE) e  D’Outro Lado (SP).


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

"Um Milênio de Silêncio" é o novo grito dos Delinquentes


*por Artur Mamede 

Publicado na última quinta-feira (9) “Um Milênio de Silêncio” dos veteranos Delinquentes é a 3ª faixa lançada pelos paraenses, em forma de single ou clipe, desde que a pandemia começou. A faixa faz parte de um conjunto de músicas que comporão o próximo disco, com previsão de lançamento para 2022 que já tem metade do repertório gravado. "A letra foi feita no auge da pandemia, ainda ano passado, quando o cenário estava bastante assustador, pois nem sabíamos ao certo se haveria vacinas num futuro próximo", disse o vocalista Jayme Katarro.

"É uma letra carregada até então de um pessimismo que quase todos passaram, quase um desespero coletivo. Trata-se de um grito entalado em nossa garganta que ecoou mais anda ao sabermos de todas as trapaças do governo federal, com propinas das vacinas e relativizações sobre o vírus. Um negacionismo que repercutiu em seus seguidores desumanos", apontou o músico.


Rifferama caótico para dias caóticos

A sonoridade do single carrega um riff pesado de thrash metal, feito pelo guitarrista Paulo Bigfoot, já mostrando a que veio na banda (ele ingressou na Delinquentes final de 2018). É uma música que vai na contramão da anterior lançada, 'Carro Prata', cuja melodia é mais cadenciada e com toques de rap core. 'Um Milênio...', ao contrário, é rápida, pesada e agressiva, como os tempos caóticos da pandemia pediam". A faixa foi gravada, mixada e masterizada em maio no Fábrika Studio pelo Kleber Chaar, que trampa com a Delinquentes desde 2012. Chaar também assina a produção do single juntamente com a banda que tem apoio da Xaninho Discos Booking.

"A capa, mais uma vez a cargo do parceiro Paulo Victor Magno (autor das polêmicas artes do Facada Fest), solta para todos os lados o que berramos na música: Da CPI às manifestações do gado, tudo sob a sombra do Hitler do 3° Mundo, e em cima dos túmulos das vítimas da Covid e do mal governo. 'Um Milênio de Silêncio' é o minuto de luto, eternizado agonizadamente para as próximas gerações", pontuou Jayme Katarro.

Ouça "Um Milênio de Silêncio" clicando aqui






"O Mundo Está Acabando" d'Os Decréptos ganha video animado

* por Artur Mamede 

Incansáveis, os punk rockers antifas d'Os Decréptos (Wal Ataíde - guitarras, Danihell Moreira - vocal, Lucas Gomes -baixo e Rodrigo Teles - bateria) lançaram no 7 de setembro o clip de "O Mundo Está Acabando". A faixa composta na primeira fase da banda (iniciada em  2007) ganhou animação pelas mãos do cartunista Leandro Franco, que também é baterista/vocalista da Asteroides Trio. 

"'O Mundo Está Acabando' é uma música antiga, da primeira fase da banda, composta por Michel Bruno e Rafael Dornelas, ex guitarristas da banda. Mesmo sendo antiga ela nunca tinha sido gravada, e quando estávamos selecionado as músicas que iriam entrar no CD ela foi escolhida. Mesmo sendo uma música tão antiga, acho que nunca fez tanto sentido devido a tensão política, pandêmica e apocalíptica que estamos vivendo no mundo" comentou o baterista Rodrigo Teles.

Quanto a gravação da faixa (produzida pelo baixista Lucas Gomes) e arte do clip, Teles fala da satisfação da banda com o resultado. "Curtimos muito o resultado final da gravação e achamos que merecia um clip, todos da banda já eram muito fãs do trabalho do Leandro Franco e já era uma ideia antiga ter um clipe da banda com a assinatura dele, quando escutamos o som não tivemos dúvidas que esse clip era ele quem tinha que fazer", disse.

Os  Decréptos por Leandro Franco

Processo criativo

Pouco antes do lançamento do clip, Os Decréptos, em uma edição da Resenha Decrépta (assista aqui),  deram voz ao Leandro Franco que falou sobre  o processo criativo. Teles, complementa: "O processo de criação do clipe é 100% dele, entregamos a música e falamos, 'velho, faz o que quiser' e o resultado final achamos que ficou sensacional", fecha o músico. 

Confira clicando aqui o clip de "O Mundo Está Acabando".


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Saúde mental é tema de "Cansado" clip da Eutanase


*por Artur Mamede 

"Cansado" o mais recente clip dos thrashers amazonenses da Eutanase, além de mais uma amostra da rica sonoridade da banda, traz uma carga dramática que se engrandece com o cenário atual de isolamento e desolação. 

A temática "cola" com o isolamento imposto pela pandemia. E alguns takes podem gerar gatilhos. "'Cansado' é um trabalho que partiu de uma série de eventos. É quase uma coletânea de experiências. Neste trabalho de passar as letras para o português, sugeri a banda essa temática durante a gravação. Pelo contexto que vivi e assisti, me pareceu muito natural que o tema da música abordasse esse universo da importância da saúde mental", relatou Thiago Queiroz, guitarrista da Eutanase.

Quanto aos gatilhos, o músico é consciente do peso da mensagem. "O assunto é bem delicado, mas me pareceu bastante necessário. Até mesmo a escolha do nome da musica foi pensado nesse sentido: As vezes você está necessitando trabalhar esses aspectos pessoais, mas trata isso apenas como um cansaço, algo que pode ser remediado com algum atenuador", disse. 

"Hoje vejo a importância que é você colocar pra fora, procurar pessoas para avisar que você não é tão forte assim como parece ser. Acho que é o primeiro passo: estar cansado de esquecer e de ceder. Hoje o mundo vive nos estimulando com as redes sociais, mas essa distância fez também com que tivéssemos poucas válvulas de escape para descarregar esses sentimentos. Apesar de próximos e conectados, o índice de suicídios só vem aumentando e, curiosamente, ele vem de lugares cheios de sorrisos e vidas aparentemente impecáveis", complementa Queiroz.

Segundo o guitarrista "Cansado" fala da importância de discutir saúde mental e de refletir sobre nosso estilo de vida. "Acredito que todo mundo sairá dessa pandemia um pouco quebrado, mas essa talvez seja a oportunidade para avaliar que, como dissemos no clipe: sem saúde mental não há saúde".

Curta-metragem 

Enredo, roteiro, locações e até mesmo a duração  (acima do comum para clips de bandas  independentes) fazem com que "Cansado" seja uma experiência cinematográfica, como um curta-metragem. Apesar das dificuldades, o resultado foi satisfatório, conta o músico. 

"A ideia era ser um curta. Mas sabíamos do enorme trabalho que daria. A música ficou pronta no começo do ano. Mas não havia porque ter pressa, já que tudo estava parado mesmo. Precisavamos levantar dinheiro para fazer isso e foi quando veio a ideia de promover uma arte conceitual para vender camisas. A arte foi feita por um desenhista talentosíssimo da cidade, que é o Nilberto. Fizemos uma entrevista com ele no canal da banda. A partir da arte dele é que lançamos a pré venda. Nossa, ficamos surpresos com a quantidade de vendas e foi a partir desse dinheiro que pagamos esses processos de gravação" comentou.

As gravações foram divididas em 3 etapas e muito disso teve o espirito DIY e colaborativo. "Na etapa com a banda, contamos com o apoio do Alex Costa da Numbness, que fez um preço muito camarada pra gente. A locação foi ideia do Fontes (Thiago, vocal da Eutanase). Achamos o lugar perfeito. Até porque estávamos em tempo de chuva e Manaus é extremamente bipolar".

Eutanase na locação de "Cansado"

A segunda etapa foi fazer o vídeo da ponte. "Em Manaus todos sabem da relação simbólica que há dela com o tema. Nesse dia o tempo estava bem nublado e o Diego Nogueira  (filmagens e fotografia) conseguiu pegar takes ótimos. A sacada dele dos dois pássaros no final foi genial. Precisei incluir", conta Queiroz.

"Por fim, finalizamos as filmagens internas aqui em casa, pois tinha o piano e as cavernas do Bunker (o home studio da banda) Foi um aprendizado enorme todo esse processo e espero que todos curtam. Foi feito com muito cuidado e tentando oferecer o melhor que pudemos".

Thiago Fontes: atuação surpreendente

A atuação de Fontes foi uma descoberta até para a Euranase, explica Queiroz.. "Recentemente cheguei a perguntar a ele sobre essa característica cênica e o porque de não investir nisso. Fico feliz que ele gosta de participar e ver que ele se entrega mesmo. Há muitas filmagens que ainda vamos soltar. Quando definimos o storyboard em reunião, por causa de 'Veneno' (clipe anterior), decidimos mante-lo. Mas as ideias que foram surgindo levaram a demanda por mostrar também o outro lado. Foi quando chegamos no nome da Areli (que também protagoniza "Cansado"). Por várias conversas que tivemos, eu percebi o perfil. Ela já vem trabalhando bastante isso em nível pessoal e assim fiz o convite. Foi uma surpresa igual. Lembro durante a gravação que falamos 'nossa, acho que acertamos, oh!' Eu fiquei muito feliz com resultado de ambos e os outros materiais vão sair com o tempo. Há um projeto pra eles. Os feedbacks sobre a atuação deles estão excelentes. Também agradecer aqui ao Diego Nogueira.. Ele é um cara com muitas sacadas ótimas. Fez toda a diferença", finalizou Thiago.

O clipe de "Cansado" pode ser visto clicando aqui.




"Lost in the Emptyness" é o portal para o álbum da Katharzian, "Purgatory"

*por Artur Mamede 

A entidade amazonense de black metal sinfônico Katharzian publicou em agosto passado o single/lyric video de "Lost in the Emptyness", faixa do full album "Purgatory" a ser lançado ainda em 2021. 

O lyric video e a arte do single tem a assinatura do renomado Alcides Burn responsável por capas de Decomposed Gods, Kriziun, Funeratus e Lockdown. A produção é do Beto Montrezol, produtor e músico com grande expressão no cenário manauara.

O Riffmakers falou com Roosivelt, baixista/vocalista da banda, que ainda conta com Cecília Katrini (vocais líricos, teclados, piano e  orquestrações), Matheus Java (guitarras) e Natanahell (bateria).

Riffmakers: Vi ali produção do Montrezol, arte do Alcides Burn (caralho!). Então queria esses detalhes de como chegou até eles.

Roosivelt Karthazian: O Beto Montrezol é um grande parceiro e amigo que está com a gente desde os primeiros passos da banda, como nosso produtor e responsável por toda gravação. E o Alcides Burn é um artista que sempre admiramos e ficamos imensamente honrados por ele ter topado fazer toda a parte de design da banda. Assim como a arte da capa do nosso CD e também o lyric vídeo.

Riffmakers: Qual a temática da faixa? Mesmo sendo lyric video, o que o torna autoexplicativo, tua opinião como compositor fala mais alto. Já que há a subjetividade.

Roosivelt: Essa single vem mostrando bem a temática do nosso álbum, mas "Lost in the Emptyness" traz em especial o simbolismo e atmosfera infernal que buscamos. Nosso álbum é conceitual, apresenta alguém que enquanto vivo acreditava cegamente nas doutrinas religiosas do cristianismo, em um deus bom e generoso, porém após sua passagem descobre que não é nada tão simples quanto ele pensava, e acaba percebendo que trilhar por caminhos "corretos" não era bem o esperado pra alcançar o lugar no chamado "paraíso", e meio ao local onde ele se encontra agora, o purgatório, como assim afirmamos no nosso álbum, concentram-se inúmeros sentimentos que vem aflorando durante todas as músicas.

Riffmakers: Como se dividem as funções na atual Katharzian? 

Roosivelt: A Katharzian concentra a harmonização das músicas com a nossa pianista, Cecília Katrini. A composição da música se divide entre o Matheus Java e a Cecília e as letras ficam comigo.

No processo de gravação, contamos muito com o nosso produtor Beto Montrezol, que gravou também as linhas de bateria e baixo.

Confira aqui o lyric video de "Lost in the Emptyness"




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