Nascido à sexta hora deste 6 de junho, "Prólogo" é o primeiro registro oficial de média duração da entidade blackened/crust Pöstvmö. O EP de seis faixas (contando a tenebrosa intro "Fim") já se encontra assombrando as principais plataformas de streaming.
"Prólogo" vem no rastro de uma série de disparos de vídeos na internet e do single "Eu Sou A Verdade" (fevereiro, 2024). O EP terá sua versão física lançada em breve por meio da coalizão de 15 selos/distros/amigos que possibilitará o lançamento e a distribuição da obra.
São cúmplices da Pöstvmö no atentado as distros/selos Poeira Maldita, Emma Distra, Tiranossaura Recs, Brado Records, Two Beers Or Not Two Beers Records, Noise Mesmo, Terror 157, Undergrind Recs, Helena Discos, Vertigem Discos, Tu.Pank Records, Manaós Distro, Igor Augusto (Rotten Entrails), Blaster Flag Recs e No Future Distro.
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Prólogo
Nas redes sociais, a Pöstvmö apresenta "Prólogo" como "o primeiro ato, o início da tragédia, o prenúncio da passagem do herói da dita para a desdita. O primeiro suspiro, a primeira fala, a dança que antecede a tempestade. Prelúdio".
"Escolhemos o nome “prólogo” para nosso primeiro lançamento por ser o ensaio daquilo tudo que está por vir, de tudo que será construído a partir daqui e o entrelace de todo sentimento que nos compõem e nos fortalece. Prólogo como a ponte do passado ao presente e ao futuro, a serpente que devora a própria cauda, o movimento, o eterno mover", diz a banda.
E tudo isso é condensado em pouco mais de 19 minutos de desepero e desencanto, tocado com aspereza contínua e algumas poucas brechas para respirar (ouça AQUI).
Impressões de uma primeira audição
"Fim" é a tenebrosa intro do EP. Samples de cantos litúrgicos, sinos e uma narração sussurrada, que assombram pelo bom uso e gosto, já que todos esses elementos já foram usados ad nauseam por centenas de outras bandas.
O arregaço tem início com "Eu Sou A Verdade". Um riff hipnótico faz a cama para blast e baixo marcando a trilha para a entrada dos vocais desesperados. Logo aparecem algumas variações no andamento, o que vai ser ouvido nas outras faixas e enriquecem a audição.
"O Eterno Não Existe" chega de forma direta num rifferama constante logo acompanhado por toda a banda. O nível de desepero aqui se eleva ao inferno até que uma quebra pontuada por um baixo limpo traz um respiro, entra a voz que tenta emular uma calma que nunca virá. E a faixa volta ao seu "normal".
Post-punk é ouvido nos primeiros segundos de "Osculum Thanatos". E mais uma vez a calmaria é adiada. Um bom trabalho da bateria segura a atenção. Viradas seguras e um andamento constante que dão a deixa para a banda, os segundos finais são extremamente opressores e belos. Faixa rica em variações, um achado que já está na mais alta prateleira das preferidas.
"Ateus" provavelmente seja encarada como a mais tradicional. Tem muita coisa 80/90 aqui, mas sem o ranço saudosista. Os vocais são mais nítidos e a letra é passada de forma direta (infeliz de quem espera algum conforto) e os instrumentos continuam apostando nas variações de andamento.
O fim de qualquer esperança vem com "Filhos da Mão Esquerda". Faixa esmagadora e veloz, com algumas passagens para o headbanging (caso tu consiga desgrudar da parede para onde a banda de empurrou). E fim.
O que te digo é que se há opressão sonora aqui, o silêncio que vem depois é muito pior. Vou ouvir de novo.
*por Artur Mamede
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