Relativa novidade no espectro musical subterrâneo do Amazonas (pois falamos de shoegaze e mais precisamente blackgaze), a Paramecia vem, em doses homeopáticas, destilando seus acordes em singles e alguns raros eventos. E ainda assim desponta como o mais representativo nome do subgênero no estado.
No campo dos lançamentos,a Paramecia soltou na noite de sexta-feira (12) "Ocidente Vazio". Produzida por Jefferson Martinho (que assina a produção do EP "Pandemia Apocalíptica da Necrovisceral, já publicado aqui no Riffmakers), a faixa tem o característico wall of noise do estilo, só que carregado na aspereza dos riffs post-black metal, indo mais para os lados do Alcest do que Jesus and Mary Chains.
Aqui está "Ocidente Vazio". Acesse e ouça ALTO!
Capa de "Ocidente Vazio " |
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"Eu não sabia realmente o que sentia"
"Ocidente Vazio" é o invólucro noisy que Sales (guitarra), Andrei (baixo) e Nathan (bateria) deram a letra autobiográfica escrita por PH (guitarra/vocal). A simbiose entre os integrantes e a produção caprichada (ainda que caseira) elevou o nível que já era bom em "Cartas", o single anterior lançado em maio (ouça AQUI).
O Riffmakers conversou com PH, sobre as faixas, processo de produção, influências e planos. Segue abaixo a entrevista.
Riffmakers: Sobre a gênese de "Ocidente Vazio". É algo autobiográfico? A letra levando para o lado mais sombrio do shoegaze. O que se pode falar sobre isso?
PH: Vim de um relacionamento que me causou dependência emocional, foi um romance muito tóxico. Eu não sabia realmente o que sentia, como diz o refrão 'como eu vou aguentar, viver sem saber o que errei?'. Mesmo eu não tendo errado em nada, eu vivia nessa confusão.
Riffmakers: E um tema que puxa mesmo para a angústia, típico do shoegaze.
PH: A história do nome 'Ocidente Vazio' vem do vazio emocional que senti por conta das situações que andaram ocorrendo, me sentia perdido, sem lugar pra ir. A faixa, que exemplifica o shoegaze, acabou virando a cara da Paramecia e isso nos orgulha
Riffmakers: "Ocidente Vazio" tem uma boa produção que carrega no wall of noise mas deixa bem audível o vocal que é quase um sussurro. Como se deu o processo de gravação?
PH: Foi tudo feito na minha casa. Tinha a letra, a música e alguns equipamentos. Contatamos o Jefferson, que apesar da experiência, topou produzir de um jeito caseiro. O processo todo levou menos de 10 horas, da pré-produção à finalização.
Paramecia no home Studio de PH |
A parceria funcionou tão bem que Jefferson vai produzir nosso primeiro álbum também chamado "Ocidente Vazio". Serão nove faixas de autêntico black-gaze.
Riffmakers: E a influência do blackgaze sobre a Paramecia, até onde vai? Percebi também um pouco de Alcest, confere?
PH: O blackgaze é uma grande influência para a banda. Foi outro motivo que nos levou a procurar pelo Jefferson, um cara que veio desse berço e que só melhorou o que já fazíamos.
E sim, temos influência de Alcest, principalmente do álbum "Sourvenirs d'un Auntre Monde". Coloco também como referências ao nosso som as brasileiras Gorduratrans, terraplana e eliminadorzinho.
Das gringas, além do Alcest, cito My Bloody Valentine, Ride, Julie e Slowdive. Mas têm muitas outras.
Riffmakers: Para quem quer conferir a Paramecia ao vivo, tem algo marcado para breve?
PH: Nosso próximo show será em 24 de agosto, no Motorock Bar, no centro de Manaus. Vamos tocar no Freak Bats, um evento gótico que abraçou, junto com a comunidade post-punk, a proposta da Paramecia. Apareçam por lá.
Cartaz do Freak Bats com Paramecia e drahma |
*por Artur Mamede
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