sexta-feira, 30 de maio de 2025

Mortuário A.D - resgata death/black BR dos 80


Mortuário A.D, a one-man-band encarnada em Victor "Skullcrusher" Viana, exumou recentemente mais um EP (o quinto da infame carreira). "Bloodshed" tem seis cruas e brutais faixas que exalam o odor nauseabundo dos berçários do metal extremo brasileiro da década de 1980.


As seis faixas de "Bloodshed" (uma cantada em português) são retratos sonoros de filmes de terror e suas macabras e mórbidas temáticas gore e apocalípticas.

Aqui está "Bloodshed". Acesse e ouça ALTO!

Capa de "Bloodshed" por Victor Skullcrusher


"Bloodshed" está disponível no Bandcamp, YouTube, Spotify, Amazon Music e Apple Music.

Leia também: Heed the Call - single "Rebellion" pavimenta caminho para o álbum de estreia


Música extrema, autonomia e independência


Gravado de forma caseira, "Bloodshed", os EPs anteriores e todos os outros cinco projetos musicais de Victor Skullcrusher, carregam ainda a busca do músico, que é pessoa com TEA (Transtorno do Espectro Autista), por autonomia. Sobre esse e outros assuntos o Riffmakers trocou uma conversa rápida com o músico.

Riffmakers: Esse já é o sexto lançamento do Mortuário A.D e o terceiro , só nesse ano. Como se deu o processo de criação deste e dos outros trabalhos?

Victor Skullcrusher: "Bloodshed" levou dois meses para ser feito e as letras falam sobre filmes de terror, morte e armagedom enquanto o instrumental tem influências do Sepultura na fase "Morbid Visions" e outras bandas dessa época como Sarcófago, Vulcano e Mutilator.

Quanto ao processo de criar, produzir e lançar, é tudo feito em casa. Faço a guitarra e a voz de maneira orgânica, só a bateria que é programada e como eu não tenho baixo em casa, eu costumo duplicar a faixa da guitarra e colocar um efeito de baixo.

Riffmakers: Teus projetos têm um alcance razoável nas plataformas digitais de distribuição, mas como é se divulgar ao vivo?

V. Skullcrusher: Tenho 25 anos incompletos, comecei a me apresentar ao vivo já tem um ano, inclusive abri um show do Cemitério ontem (29/05), aqui em Fortaleza, com a Scatophagia . a Viollen, que são locais.




Como sempre me considerei melhor no gutural do que na guitarra, eu costumo separar os instrumentais pra tocar de fundo enquanto eu canto ao vivo.


Victor Skullcrusher e Hugo Golon (Cemitério)

Riffmakers: Sendo uma pessoa com TEA, no que teus projetos e apresentações ao vivo te ajudam?

V. Skullcrusher: Acho que meus projetos me ajudam a desenvolver minha autonomia, me ajudam a ser mais independente (que são dificuldades comuns na vida de quem tem autismo) e também me ajudam a perder a timidez e estimular a criatividade.

Riffmakers: Ainda sobre projetos, além da Mortuário A.D, tu tem outros. Fala um pouco sobre.

V. Skullcrusher: Meus outros projetos são o Disfagia, de grindcore (já resenhado no Riffmakers. Relembre AQUI); Necrovomit 666, de black/death metal; Destruidor, de black/speed thhrash; Achalasia, de noisegrind e Wardog, de D-Beat.

Mas os principais são o Mortuário AD, Necrovomit 666 e Disfagia. E todos estão nas plataformas digitais. Ouçam.


Track list de "Bloodshed"


1. Bloodshed

2. My Bloody Valentine

3. Black Christmas

4. Total Death

5. Day of the Dead

6. Caos Total


*por Artur Mamede


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segunda-feira, 26 de maio de 2025

Heed the Call - single "Rebellion" pavimenta caminho para o álbum de estreia


"Rebellion", lançado no último dia 22, é o novo single da Heed the Call, que junta-se a "Human Strife" para pavimentar, com um veloz e moderno thrash metal, o caminho para o álbum de estreia do quarteto carioca.


À exemplo de "Human Strife", o primeiro e bem avaliado single lançado em fevereiro, "Rebellion" segue uma linha lírica que dá a entender que o álbum terá uma proposta conceitual, ideia que tiro das capas dos singles,  do nome da banda e deuma declaração do vocalista. 

"A Heed the Call é thrash metal com letras carregadas de críticas sociais e políticas, apontando as mazelas da humanidade e suas loucuras e ganância. Daí vem o nosso nome: Atenda ao Chamado", disse Marcelo Mictian ao Riffmakers.

Aqui está "Rebellion". Acesse e ouça ALTO!


Capa de "Rebellion" por Marcelo Mictian

Musicalmente "Rebellion" é um amálgama das influências, referências e experiências dos integrantes da Heed the Call. O thrash metal contemporâneo praticado pelo quarteto engloba na recém lançada faixa elementos de groove, death, thrash e heavy metal tradicional.

Leia tambémMukeka di Rato - "Generais de Fralda' é um soco na fuça da classe mérdea


A capa assinada por Marcelo Mictian, apresenta as intenções líricas de "Rebellion": o cérebro usado como arma, um elemento para mudanças sociais. "A rebelião nos chama. Nossas armas são nossas mentes", resumiu o vocalista.


Primeiro álbum


O primeiro álbum da Heed the Call, ainda sem título e previsão de lançamento já vem sendo trabalhado há um tempo por Rafael Rassan (Affront, Steel Voxx e Imago Mortis) nas guitarras, Jansen Vital (Afro Lata, Rajada) no baixo e Teté Blood (Gore) na bateria, além de Marcelo Mictian (vocal, Unearthly, Affront, Acid Words).

O álbum, gravado em dezembro de 2024 no Attic Studios (RJ), trará toda essa bagagem musical dos integrantes para compor sua identidade. Para o aguardado lançamento o quarteto terá a parceria da renomada Rothenness Recs (SP), com quem assinaram recentemente.


*por Artur Mamede

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segunda-feira, 19 de maio de 2025

Mukeka di Rato - "Generais de Fralda' é um soco na fuça da classe mérdea


Mais direto e contundente do que nunca, o Mukeka di Rato lançou no último dia 16 o "Generais de Fralda", seu nono álbum de estúdio. E os adjetivos que abrem essa matéria também se aplicam à capa, que uma hora ou outra vai gerar o "era melhor quando eles não falavam de política".



A capa e o título de "Generais de Fralda", no seu ótimo minimalisno xilográfico, tem tudo para incomodar quem não acordou com "Boiada Suicida" (2022). A mensagem direta vai tocar aqueles que só recentemente descobriram que RDP, Cólera, Dead Fish e outros, têm letras politizadas.



Capa de "Generais de Fralda" por Thiago Modesto



E que se toquem mesmo. E caso fiquem incomodados, que sumam. E para quem passar da capa e chegar às
 letras, a banda avisa que o álbum é "um convite para aqueles que de alguma forma continuam incorformados e insatisfeitos com as mazelas do mundo". 

Aqui está "Generais de Fralda". Acesse e ouça ALTO!

A produção



Produzido por Rafael Ramos (Deck) e gravado no Estúdio Tambor, no Rio de Janeiro, "Generais de Fralda" tem 13 faixas muito bem executadas por Fepas (vocal e guitarra), Brek (bateria), Mozine (baixo e vocal) e Paulista (guitarra e vocal).

A produção, repetindo a parceria de "Boiada Suocida" e "Carne" (2007), conseguiu o melhor dessa formação, até agora. Tudo bem equilibrado e audível, com as faixas encerrando no tempo certo.

Os sotaques sonoros, do crossover ao crust e hardcore, emolduram bem as letrss que pedem esses aconpanhamentos mais urgentes.


Faixa a faixa



A faixa título (veja o clipe AQUI) expõe esse recorte da população que quer se perpetuar no poder e "não valem a merda que cagam". 


Frame do clipe "Generais de Fralda"


"Predadores Armados" aborda a violência policial, um assunto que nunca se esgota, assim como a inovação da tortura estatal. 

"Se droga, Brasil!" vem na sequência e até faz link com a faixa anterior quando lembramos que a automedicaçã, ou a medicação excessiva, às vezes são usadas como alívio para as porradas recebidas (opinião do escriba). Mas aqui não há apologia ao tema.

"Criança Morta" traz imagens das pequenas vítimas de ataques terroristas, infelizmente atualizadas diariamente na Palestina ocupada. 

"Engenho de Sangue" é o Brasil que cresceu sugando o sangue dos escravizados. "Filho da Rua" mantém a crítica anterior, agora retratada no ambiente urbano, dos mais pobres e invisibilizados pisados pelas oligarquias.

A poderosa indústria armamentista e o multimilionário comércio da fé são os temas de "Fascism and Big Business" e "Somente Moedas Acendem Velas". 

"Tá fácil morrer, tá fácil matar" é o título, estrofe, refrão da faixa mais rápida (em duração) do álbum. Olá, Napalm Death!

Para quem se fode no trânsito arriscando a vida em duas rodas e ainda tem que aguentar esporro de pleiba e dondoca na hora da entrega, vai "Globo da Morte".

"Ferrão" é a mais subjetiva. Sem um alvo definido, tudo pode ser o alvo. Crossover dos bons e um solo interessante.

Mortos nas ruas em ruínas, cheiro de sangue e enxofre. É o que tu vai ouvir do personagem/narrador de "Último Dia da Guerra".

"Desgraça Capixaba" mete um reggae no meio da barulheira. Engana quem não presta atenção à letra e nunca viu o clipe (veja AQUI).  Bom desconstruir um estilo usado comumente para "vender" belezas regionais (e ganhar editais). Fechou bem o álbum.

Track list


1. Generais de Fralda
2. Predadores Armados
3. Se droga, Brasil!
4. Criança Morta
5. Engenho de Sangue
6. Filho da Rua
7. Fascism and Big Business
8. Somente Moedas Acendem Velas
9. Tá fácil morrer, tá fácil matar
10. Globo da Morte
11. Ferrão
12. Último Dia da Guerra
13. Desgraça Capixaba

"Generais de Fralda" já está nas principais plataformas digitais e tem versões físicas (LP, CD e K7) em pré-venda na Läjä Records (lajarecords.com).

Já na mais alta prateleira dos preferidos da casa, "Generais de Fralda" é pra se ouvir no último volume e a vizinhança que se incomode.

*por Artur Mamede

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terça-feira, 13 de maio de 2025

Inferno Nuclear "Amazônia em Chamas" escancara o caos social


Segundo álbum dos thrashers da Inferno Nuclear, "Amazônia em Chamas" chega como um alerta ao mundo. Carregado de críticas sociais, o trabalho lançado no último dia 12, dispara contra a manipulação religiosa, a invisibilidade dos desfavorecidos, o racismo institucional e crimes contra a natureza, entre outros temas.


A temática assertiva das faixas de  "Amazônia em Chamas" não é panfletarismo barato. A ideia é passada em letras simples, porém afiadas, embaladas em um veloz e enérgico thrash metal nos moldes da velha escola. 

E mesmo com algumas faixas indo para o lado da mitologia amazônica (lembrando as raízes paraenses da banda), a sonoridade e a parte lírica evitam usar do exotismo de novela que encanta/engana turistas.

Aqui está "Amazônia em Chamas". Acesse e ouça ALTO!


Capa de "Amazônia em Chamas", por Márcio Aranha 

 

Parcerias que fortalecem


"Amazônia em Chamas" foi gtavado no estúdio Madness Music (SP) e teve produção de Thiago Bezerra, que ainda participou com backing vocals nas faixas "Grito de Protesto", "Falsos Profetas" e "Insensatez Humana". 

Leia tambémEscafism - "Spreading The Pain" vem à luz

O álbum é repleto de colaborações que só enriqueceram o resultado final, como a ótima faixa de abertura "Ritual" que tem inserções de sons da floresta orquestrados pelo músico paraense João Franklin. 

A faixa seguinte, "Matinta Pereira" que também usa da ambientação amazônica (na letra) conta com Fabiana Santos (The Leprechaun) percutindo o triângulo junto à banda.

"Falsos Profetas", lançada anteriormente como single/lyric video, conta com os vocais de Andressa Castelhano (Hell on Wheels). Também com vocais, Diego Nogueira (Anthares, Blasthrash) contribui em  "Insensatez Humana".

"Amazônia em Chamas" conta ainda com as vinhetas sonoras do fotógrafo paraense Vítor Peixe em "Falsos Profetas", "Amazônia em Chamas" e "Grito de Protesto".

A capa retratando a entidade mitológica Matinta Pereira é assinada por Márcio Aranha que captou a dramaticidade do tema.

Wellington Freitas (vocal), Leonardo Garcia (guitarra), Leandro Kronnos (baixo) e Marcos Luz (bateria), a atual Inferno Nuclear, conseguiram imprimir nas nove faixas do álbum toda a experiência adquirida em outras bandas e gigs. 

"Amazônia em Chamas" é um álbum rico em diversidade, com as referências do thrash antigo sendo misturadas à influências individuais para fechar um dos melhores lançamentos do estilo no Brasil.


Track list


1. Ritual

2. Matinta Pereira (A Velha Feiticeira)

3. Inferno Nuclear 

4. Insensatez Humana

5. Amazônia em Chamas

6. Falsos Profetas

7. Antirracista

8. Grito de Protesto

9. Doença Social


Como é dito pela banda no material promocional que acompanha o álbum, "'Amazônia em Chamas' mantém viva a tradição do metal que questiona, desafia e afronta". Por isso recomendo a audição no mais alto volume.

*por Artur Mamede


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segunda-feira, 12 de maio de 2025

Escafism - "Spreading The Pain" vem à luz


"Spreading the Pain", o primeiro full álbum da Escafism, finalmente está lançado. Nas principais plataformas de streaming desde o dia 09/05, a obra traz nove faixas (sendo a primeira uma macabra intro) do já reconhecido slamming brutal death metal do quarteto amazonense.


Gerado durante a pandemia, "Spreading the Pain" é o sucessor natural do muito bem avaliado EP "Banquet of Worms", de 2021. Como aconteceu com várias produções daquela época, o trabalho teve lançamento adiado.

Porém a Escafism aproveitou esse tempo para melhorar o que já estava pronto e adicionar novos elementos, como alguns andamentos mais voltados ao technical death metal, resultado de algumas mudanças de formação e amadurecimento musical dos integrantes, fruto de gigs interestaduais e uma minitour internacional.

Aqui está "Spreading tbe Pain". Acesse e ouça ALTO!

Capa de "Spreading the Pain", por Adilson Mago


Primeiras impressões



Em conversa rápida com Júnior Martins, vocalista da Escafism, o Riffmakers teve um panorama da produção de "Spreading the Pain" e do retorno que o álbum já trouxe até o momento.

"'Spreading the Pain" tem faixas compostas durante a pandemia. Um período em que ficamos isolados, nos comunicando por mensagens, o que causou a demora na finalização do álbum cheio", afirma Júnior.


Segundo o vocalista o retorno ao "normal" também não foi fácil. "Terminando a quarentena, houve a necessidade de tocar ao vivo, a vontade de criar novas músicas e apresentar as que já estavam prontas. E houve troca de integrantes e tudo isso foi adiando o lançamento".

De acordo com Júnior, o tempo trouxe o amadurecimento necessário ao album. "Foram longos anos de muito trabalho. Com músicas sendo compostas e outras sendo repaginadas para o atual momento da banda e de nossas habilidades como músicos",  comentou o frontman.

E mesmo com pouco tempo de lançado, "Spreading the Pain" já traz resultados a Escafism. "O retorno e a aceitação do álbum têm sido magníficos. Alguns selos já nos procuraram para futuras parcerias em novos álbuns e há a boa avaliação do público, que nos impulsiona para novas composições e planos de tours", conta Júnior.


A produção



"Spreading thePain" tem uma produção contemporânea que evidencia a técnica e o feeling da atual formação da Escafism (Profanus Java - guitarra, César Zystus - baixo, Sid Lima - bateria e Júnior Martins - vocal).

O álbum foi masterizado por Diego DoUrden (vocal do Mystifier) no Darkside Studios (Recife-PE) que deu um up em todas as faixas, equilibrando agressividade e técnica fazendo do álbum um dos grandes do ano.

A capa de "Spreading the Pain" repete a parceria da banda com o ilustrador sergipano Adílson "Mago" Lima, autor da arte de "Banquet of Worms".

Track list


1. Deep Darkness
2. Carnal Desire
3. Purulent Secretion
4. Compaj
5. Screams of Torture
6. Myiasis
7. Infected Breed
8. Banquet of Worms
9. Refinements of Cruelty

*por Artur Mamede

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sábado, 10 de maio de 2025

Medicine Death renasce com "Cenobite"


Veterana do metal paraibano, a Medicine Death publicou recentemente o lyric video de "Cenobite". A faixa, que já é rica em sua construção, ganha o reforço gráfico de Alcides Burn marcando positivamente o retorno da banda fundada em 1989.


O lyric video, na verdade marca dois renascimentos, da Medicine Death e da própria faixa. "Cenobite", estava pronta há dois anos, tendo sido gravada entre junho e julho de 2023 para uma compilação de bandas do metal paraibano, um projeto que não vingou. Mas a resiliência é uma das marcas do underground brasileiro.

E indo mais a fundo na história da Medicine Death, chegamos a 2015, ano do primeiro registro de "Cenobite". A demo com a faixa foi composta e gravada  originalmente por Wilhelm Hansen (guitarras) e Williard Scorpion (baixo e vozes)  com bateria programada.

Aqui está "Cenobite". Acesse e ouça ALTO!


Frame de"Cenobite" por Alcides Burn

Hellraiser


Inspirada na mitologia Hellraiser de Clive Barker, "Cenobite" descreve o universo mórbido de prazer e dor e o personagem título da faixa que ganha uma maior dimensão na riqueza de sua construção musical e na assombrosa arte do ilustrador Alcides Burn.



Frames de "Cenobite" por Alcides Burn


O uso de percussão tribal/industrial e tempos quebrados, riffs dissonantes, vocalizações diversas e clima atmosférico em algumas passagens, eleva o death metal da MD para a categoria avant-garde.

Leia tambémTrypophöbia - "Desintegrando Puritanos - Böötlive in São Paulo" chega sem massagem

"Cenobite" foi produzida por Marcos Sena no Music Obsession Studio (João Pessoa-PB), que junto a atual Medicine Death (Williard Scorpion - baixo/vozes, Pablo Ramires - bateria/percussão e Hálamo Reis - guitarras) deram uma nova vida à faixa.

*por Artur Mamede

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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Trypophöbia - "Desintegrando Puritanos - Böötlive in São Paulo" chega sem massagem


Intolerante com os intolerantes - e como ser diferente? - a Trypophöbia volta um ano após o álbum de estreia e dispara o ao vivo "Desintegrando Puritanos - Böötlive in São Paulo". São 23 faixas viscerais e urgentes (na mensagem, velocidade e duração) que esburacam ainda mais o já puído manto da classe mérdea brasileira.


Saído em 1° de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, "Desintegrando Puritanos - Böötlive in São Paulo"  compila quase um ano de apresentações da Trypophöbia em eventos como o Condições Extremas, Respostas Extremas; In Grind We Rise Fest; DDP Fest e Walk Together, Mosh Together (2024) e In Grind We Rise Fest III; Extremo Horror Fest e Extreme Sunday, em 2025.

Aqui está "Desintegrando Puritanos - Böötlive in São Paulo". Acesse e ouça ALTO!

Capa de "Desintegrado Puritanos" por David Torres 



"Desintegrando Puritanos" não suaviza em letra, música e gráfico. As críticas às oligarquias e a elite emergente são potencializadas na arte da capa que relê, com cores brasileiras, "Humanure" do Cattle Decapitation.

De acordo com a banda, a capa segue "preservando os nossos princípios antifascistas, anticapitalistas e contra toda intolerância perpetuada e disseminada pela Extrema Direita de modo geral, adaptamos e alinhamos o nosso tributo artístico à nossa mensagem tanto lírica como sonora".

Musicalmente, o incômodo (para alguns) é incessante. Hardcore, grind, crust e outras adjacências sonoras subversivas são despejados às toneladas pela Trypophöbia, que não economiza nem quando a formação fecha em trio.

A "podrução"


"Desintegrando Puritanos - Böötlive in São Paulo" é um álbum rústico e grosseiro com as tracks registadas por aparelhos celulares. A autopirataria tem poucas edições, talvez só um respiro entre as faixas, e o primoroso trabalho do multibandas/projetos Igor Goularth, aqui acusado de masterização e nivelamento das faixas.

O bootleg carrega ainda segundo a Trypophöbia, o peso de ser uma obra transição da banda, onde se misturam gigs com a "formação clássica", tendo Lucas Cassero assumindo os blast beats/d-beats e a versão power trypo com Fran Pedreira (baixista) se encarregando temporariamente da bateria.

Track list ësbüräcädä (e gigs idem)


1.  Obscurantismo (Sample) + SxFxNxIx - Se Fudendo no Inferno (Intro) *

2. Desintegração do Puritano **

3. Sem Anistia [In Grind We Rise Fest **

4. Colheita Maldita ***

5. Divisão dos Divergentes ***

6. Sorria! ***

7. Sob Livre e Espontânea Pressão **

8. MxBxLx (Movimento Bestial Libertino) ***

9. Monopólio da Hereditariedade **

10. (The) Shit Sore Colostomy Quandary ***

11. All The Myths Are Dead! ****

12. Big Takeover ***

13. Messias Decrépito + You Suffer (Napalm Death cover) *

14. Colheita Maldita *****

15. O Despertar Para o Esquecimento [Extreme Sunday, 2025] 00:21 

16. Sorria! (2x) *****

17. Arranca Toco (Ratos de Porão cover) *****

18. Biotech Is Godzilla (Sepultura cover) *****

19. (The) Shit Sore Colostomy Quandary *****

20. Messias Decrépito + You Suffer + Dead (Napalm Death covers) *****

21. Desintegração do Puritano ******

22. All the Myths Are Dead! **

23. Divisão dos Desperados *


* Condições Extremas, Respostas Extremas, 2024

** In Grind We Rise Fest III, 2025

*** In Grind We Rise Fest, 2024

**** DDP Fest, 2024

***** Extremo Horror Fest, 2025

****** Walk Together, Mosh Together, 2024


PS.: E para quem chega agora, Trypophöbia não é barulho gratuito. Nada aqui é "for fun". Nem essa resenha. E como diz a banda;


Rap é compromisso e grindcore é protesto. In Grind We Rise!


×por Artur Mamede

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quinta-feira, 8 de maio de 2025

Corazones Muertos regrava clássico do punk argentino

A icônica "Uno, dos, Ultraviolento" dos argentinos Los Violadores ganhou uma versão em português dos punk rock'n'rollers paulistanos Corazones Muertos, rebatizada de "Ultraviolento". A faixa ainda vem embalada num bem bolado lyric video.


O clipe é apresentado nas redes sociais como "agora você pode entender o que o Joe (Klener, guitarra/vocal) canta...", o que já mostra um pouco do sarcasmo da Corazones Muertos e suas influências de New York Dolls, Dead Boys e outras.

A versão brasileira não foge nada da original de 1985 e nisso até a pronúncia se aproxima, visto que Joe é argentino. Lembrando ainda que "Uno, dos, Ultraviolento" já teve uma regravação (em castelhano com sotaque alemão) do Die Toten Hosen, em 2009.

Aqui está "Ultraviolento". Acesse e ouça ALTO!


Capa do single "Ultraviolento"


Nadsat e rock'n'roll


Claramente inspirado no livro e filme "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess e Stanley Kubrick, respectivamente, "Ultraviolento" traz gírias em nadsat (o dialeto russo/cockney criado por Burgess) que se encaixam perfeitamente na proposta do rock de rua da Corazones Muertos.

Leia tambémDesalmado - "Monopoly of Violence" eleva os níveis da brutalidade

O lyric video foi desenvolvido, dirigido e editado por Raoni Joseph (baixista da Aeroplano, de Belém-PA) e Ziggy Mendonça, guitarrista da Corazones Muertos.

Já o single tem produção de Klener e Michel Kuaker, nome forte do rock paulistano e responsável pelo Wah Wah Studios onde a faixa foi gravada.

Reúna os drugues, chame as devotchkas e ouça a nova versão dessa saga urbana recontada por  Joe Klener (guitarra/vocal), Ziggy Mendonça (guitarra), Jeff Molina (bateria) e Índio (baixo), a gang dos Corazones Muertos.

*por Artur Mamede


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quarta-feira, 7 de maio de 2025

Desalmado - "Monopoly of Violence" eleva os níveis da brutalidade


"Monopoly of Violence", recém-lançado album da Desalmado, já chega como uma das grandes e barulhentas obras da musica extrema brasileira de 2025. A produção esmerada mostra um direcionamento mais death metal, ainda que mantendo a crueza grind que sempre foi marca da banda. O que vale também para o conteúdo lírico que evita os clichês do metal da morte.

Produzido e gravado no Family Mob, "Monopoly of Violence" traz os primeiros registros oficiais de João Limeira e Marcelo Liam como baterista e guitarrista, respectivamente, que na companhia de Caio Augustus (vocal) e Bruno Teixeira (baixo) cometetam um dos discos mais brutais da banda.

Aqui está "Monopoly of Violence". Acesse e ouça ALTO!

Capa de "Monopoly of Violence" por Gabriel Augusto

Monopoly of Violence


O álbum tem mixagem e masterização assinadas por Hugo Silva. Um ótimo trampo que deixa a audição de "Monopoly of Violence" assombro para os ouvidos. As  10 faixas soam claras e altas e juntas moldam um megalítico bloco death grind.

A capa é outro esforço da Desalmado para manter a personalidade do trabalho. Dispensando ferramentas de IA, a banda optou pela arte orgânica de Gabriel Augusto, que, segundo a banda, captou a essência da ideia.

Leia também: Ophiolatry - single/clip de "Death Tour" aponta para novo álbum


Track List


1. Anger
2. Trauma Bond
3. No Peace, Only Death
4. Blood Thorns
5. Deaf
6. Monopoly of Violence 
7. Fall of the Empire
8. Pig Killer
9. Last Frame 
10. Suffocated

"Monopoly of Violence" tem distribuição digital da Blood Blast (subsidiária do selo alemão Nuclear Blast) e em breve ganhará sua versão em formato físico.

*por Artur Mamede

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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Ophiolatry - single/clip de "Death Tour" aponta para novo álbum


Narrando a descida ao Hades, "Death Tour" é o primeiro single de "Sepernt's Verdict", novo álbum do Ophiolatry a sair em 6 de junho pelo selo italiano WormHoleDeath Records. Como amostra desse novo trabalho (sucedendo "Transmutation" de 2008), os deathsters brasileiros dispararam no fim de abril o clipe oficial da referida faixa.



"Death Tour" dá voz, por meio de um brutal death metal, ao barqueiro infernal Caronte. A mensagem é clara: Essa é a viagem final. Esqueça seu ego.

 Aqui está o clipe de "Death Tour". Acesse e ouça ALTO!

Capa do single "Death Tour"


O ataque death metal é impiedoso nos 4'35" de duração de "Death Tour". A direção simples e eficiente de César Ribeiro em conjunto com a cinematografia em preto e branco de Alceste Ribas (também responsável pela edição), mostra o desembarque do lado de lá do Estige e a Ophiolatry tocando em sua margem. 


Caronte na versão de "Death Tour" da Ophiolatry


O enredo é fortalecido pelas atuações da banda e elenco, mais inserções à cores e em 3D (confira ficha técnica completa na descrição do clipe).


Serpent's Verdict


Atualmente formada por Jhorge “Dog” Duarte (baterista desde a fundação da banda em 1998), Jaime Veron nos vocais, Diego Santiago no baixo e Fred Barros na guitarra, a Ophiolatry assinou com a WormHole Death Records em abril. 


Capa de "Serpent's Vetdict"



A parceria garante a distribuição (junto a The Orchard Music) de "Serpent's Verdict". O álbum de retorno, após um longo hiato, conta com 13 faixas que se cruzam nos temas morte e renascimento, dando uma atmosfera conceitual à obra, usando de elementos mitológicos e da biologia ofídia como alegoria.

Track List


1. Jesus Complex
2. Revenge
3. Generation Curse
4. Death Tour
5. Serpent's Spits
6. Atheris
7. Apophis
8. Midia Bible
9. Manipulatipns Guilt
10. Heaven Jails
11. Narcissistic Victim Syndrome
12. Human Factory
13. Ecdysis

"Serpent's Verdict" já se encontra em pré-venda pelo https://orcd.co/serpentsverdict.

*por Artur Mamede

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Cranium Crushing - "Sacrifice of Shadows" ergue alto a bandeira do death metal

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