Do interior baiano, as bandas Jacau e Natural Hate, lançaram recentemente clipes que promovem a acessibilidade à surdos. O uso de intérpretes de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) expande a crítica social das letras à um público que não é visto como público de música pesada.
As duas obras audiovisuais, além da proximidade geográfica, do uso de Libras e dos temas sociais, também convergem na "categoria" de bandas que contaram com o auxílio das leis de incentivo a cultura.
"Violência Mental" da Jacau e "Seguir em frente e resistir" da Natural Hate foram contemplados nos Editas Paulo Gustavo Bahia, via Lei Paulo Gustavo, criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
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A banda de hardcore/crossover Jacau (de Itabuna, distante 435 kms de Salvador), uma das mais atuantes da região, lançou "Violência Mental" no último dia 27.
A letra traz o ponto de vista de uma mulher abusada de várias formas pelo pai e de como esta o renega após as violências sofridas e o assassinato da mãe. É um tema pesado, mas não dá para sentir pena de agressores/abusadores.
Aqui está o clipe de "Violência Mental" da Jacau.
Cena de "Violência Mental" da Jacau |
O vídeo inicia com uma silhueta e um áudio de um teleatendimento da polícia relatando ameaças. A banda (em trio) atua em estúdio e a simplicidade do cenário enriquece a letra que é passada por legendas e pela interpretação em Libras.
De Caetité (a 635 kms da capital baiana), o trio Natural Hate desfia seu thrash metal cheio de identidade usando o clipe de "Seguir em frente e resistir" como veículo.
Veja AQUI o clipe de "Seguir em frente e resistir " da Natural Hate.
A produção esmerada eleva a obra audiovisual. Cenários agreste e figurantes ajudam a banda a homenagear a mulher sertaneja. Uma inovação foi colocar a intérprete de Libras em cena, junto aos músicos.
Natural Hate e a atriz/intérprete de Libras Rita de Cássia |
"Transformamos uma exigência do edital de cultura numa oportunidade de fazer diferente. Então, inserimos a intérprete como um elemento estético, como um integrante da banda e não somente no cantinho da tela para acessibilidade", disse a Natural Hate.
*por Artur Mamede
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